Despedidas são necessárias.
Era
dez da noite, fazia frio lá fora, eu estava sentado sobre a sua cama
desarrumada na esperança de sentir seu cheiro pela última vez antes
de partir, eu necessitava partir, por mais que eu não quisesse era
algo necessário, despedidas doem, mas sem elas não seriamos capazes
de descobrir a alegria do reencontro ou até mesmo de um novo
encontro. Saí pela porta dos fundos antes que você chegasse, eu não
suportaria a dor de te falar um adeus, quando na realidade um “eu
te amo” era o que minha boca sentia desejo em dizer. Liguei o carro
e acendi um cigarro, queria me diluir como a fumaça daquela droga,
queria transcender e sumir daquele lapso temporal em que me
encontrava, de nada adiantou, meu corpo estava longe de você, no
entanto minha mente continuava em cárcere ao seu lado. Enquanto
estava no carro, decidi ligar o rádio para que o som de alguma
melodia pudesse entrar na minha mente e fizesse eu esquecer a dor que
era te deixar, novamente de nada adiantou, Nando Reis me fez
vivenciar novamente toda aquela dor... Desliguei o rádio e segui a
viagem em silêncio, as lágrimas em meu rosto tomaram conta da minha
face, queria me manter forte, queria ser forte neste momento de tanta
angustia... mas eu era humano, e por ser apenas um humano eu não
sabia lidar com aquilo, quem dera eu ter nascido poeta para saber
escrever ao menos um poema para lembrar de você depois que o
esquecimento te encontrasse primeiro e após viesse me visitar. Eu te
amava, sempre te amei, mas precisava partir, você era algo tóxico,
um mar de ilusões na qual eu mergulhei sem saber a profundidade,
agora eu estou aqui, aos prantos dentro de um automóvel que me
levara para algum lugar bem distante de você. Você que um dia me
fez tão feliz, hoje me corrói com a sua particularidade
egocêntrica, mas eu te amo mesmo assim, pois assim é o Amor, um
eterno labirinto na qual devemos nos perder para que alguém nos
ache. E eu sigo assim, com essa dor no peito na certeza de que um dia
ela passe, um dia ela passará, e eu irei te reencontrar e rir de
tudo isso que passamos juntos. Mas até lá... serei como um verbo
transitivo necessitando sempre de um completo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário